Editorial: Nada a temer

07/11/2014

Editorial: Nada a temer

07/11/2014

Não há nada a temer, cumprimos nosso papel. E o Brasil, definitivamente, agora é outro. Não que não tenhamos que defender nossos interesses, não que não precisemos mais brigar para atender dignamente à população. Ou mesmo que a Democracia não corra mais riscos ou as outras categorias não sejam jogadas contra nós na tentativa de nos intimidar ou silenciar. Mas, depois das eleições de 2014, o que mudou não volta mais.
E aí, temos um país finalmente com uma situação e uma oposição. Isso é uma conquista extraordinária para a política brasileira, pois faz o controle das ambições totalitárias do pensamento único, que vê sob confronto o projeto bolivariano de supressão de liberdades e perpetuação de poder. Até mesmo os propalados projetos assistenciais perderam um pouco o encanto, quando se viu como as consciências são manipuladas e o voto comprado, pela assistência que deveria ser política de estado e se transformou em propriedade de partido. A mentira como prática contumaz se viu sob ataque, e o uso da desconstrução ou demolição do adversário mostrou um certo esgotamento, pois esse tipo de política divisionista e destrutiva, de quem não aprendeu outro tipo de prática, finda levando à destruição de valores sagrados para a sociedade como ética e respeito. A natureza do marketing começou a ser vista como algo não de gênio, como foi visto por algum tempo, mas como prática perversa, assemelhada às práticas de marketing dos regimes mais desprezíveis da humanidade, como fascismo ou nazismo.
Há dois caminhos que parecem se apresentar à frente. Um democrático, de quem entendeu que somos uma nação, e um recado foi dado de que nenhum projeto pode ser levado avante sem consentimento do povo. Que valores como democracia, mérito, ética, estudo, trabalho, igualdade de oportunidades, fraternidade e liberdade não estão condicionados por quaisquer circunstâncias, mesmo as que momentaneamente parecem bem intencionadas, mas ao fim se revelam aprisionadoras de consciências e geradoras de dependência. A busca de um país moderno exige fim de privilégios e valorização do mérito, justiça social, mas montada na singularidade e na individualidade, não como massa a ser manobrada.
O outro caminho é o do conflito, de quem se vê confrontado e ameaçado em seus projetos, e para garanti-los pode lançar mão de todos os mecanismos, inclusive agressão aos direitos individuais, à liberdade e à propriedade.
Vejo que a consciência em defesa do país livre e democrático que queremos está nas ruas, nas praças, nas conversas, e que as pessoas se mostram dispostas a defender suas crenças. Pode ser até que alguns percalços surjam à frente, pode ser que alguns não tenham entendido o recado das urnas, pode até ser que alguns entendam que é preciso sufocar esse recado. Mas não será fácil. Há um país novo, nascido das eleições de 2014, que traz como legado uma situação e uma oposição quase em pé de igualdade, e uma sociedade amadurecida para defender seus direitos e interesses.
Quanto a nós, médicos, que temos sido aviltados em nossa dignidade, vejo com satisfação que brotou em nós um sentimento de categoria, nunca visto. Onde isto nos levará? Talvez a uma organização mais eficiente e canalização de nossas energias para uma defesa mais dura do que pensamos sobre saúde pública e assistência ao nosso povo. Talvez isso desemboque numa ação política mais efetiva, afinal isso aconteceu com vários grupos, entre eles professores e petroleiros, por exemplo. Disse uma vez que Nada será como antes, posso completar que não há nada a temer.

Geraldo Ferreira – Presidente Fenam e Sinmed RN
 

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