Geraldo Ferreira: "Os médicos lutam a favor de seus direitos e pela sociedade"

07/01/2015

Geraldo Ferreira: "Os médicos lutam a favor de seus direitos e pela sociedade"

07/01/2015

O presidente do Sindicato dos Médicos do RN (Sinmed) e da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Geraldo Ferreira, concedeu entrevista ao jornalista José Pinto Júnior para o programa Conexão Potiguar. Falou sobre as lutas e conquistas da categoria médica no RN e a nível nacional. Confira

Qual o balanço que o senhor faz da atuação do Sinmed-RN neste ano de 2014?
Em relação ao Simed, nós fixamos o valor da contribuição sindical, tivemos dois momentos importantes para o Sindicato: um foi a negociação com o Governo do Estado, foram 3 anos de dificuldades com o governo Rosalba mas nesse último ano houve um empenho da categoria e uma abertura maior para negociar parceladamente. E nós conseguimos fechar um acordo até 2018. Foi uma grande conquista para a categoria médica do Estado, nós vamos chegar ao final de 2018 com um salário de aposentadoria razoável, não tanto quanto a categoria gostaria, mas a gente conseguiu um avanço na linha salarial. No município nós tivemos também um ano de muitas negociações, mas não avançamos. Queríamos um modelo parecido com o que nós negociamos com o Estado, onde houvesse aumentos parcelados e evidentemente condições de trabalho, contratação de profissionais e um maior cuidado com a infraestrutura, ou seja , hospitais, clínicas , e postos de saúde onde a população é atendida.

E na Federação Nacional?

Na Federação nós tivemos ainda os rescaldos de 2013. Com o Programa Mais Médicos houve um confronto entre a categoria e o governo federal. é importante esclarecer que o confronto não foi contra trazer médicos do exterior, mas se tratou do modelo de se trazer médicos sem a revalidação, o que coloca a população em risco. Então houve uma grande dificuldade de relacionamento com o Governo Federal, que desembocou 2014 numa participação política muito efetiva dos médicos, que se posicionaram contra o Governo Federal, tomaram partido de oposição e hoje estão muito motivados a continuar sua luta em busca de uma saúde mais adequada, mais digna e aperfeiçoamento desses programas de governo.

Os médicos tendem a ir mais ao encontro dos tucanos, representados na última eleição por Aécio Neves, ou poderão participar de um partido novo? Já existe algum debate neste sentido?
O que eu consegui apreender da luta dos médicos foi uma tomada de posição de caráter ideológico. Por exemplo, liberalismo, capitalismo, democracia, e livre iniciativa. Uma posição muito firme contra privilégios, contra “discriminação positiva” como chama o governo. Os médicos se mostram contrários a esse tipo de comportamento, são a favor de escolas de qualidade para todos, e que os coloquem em condição de competitividade e não privilegiar determinadas categorias. Então essa é uma posição ideológica, que muitos chamariam de centro, ou centro-direita. Mas ficou visível no processo eleitoral, os médicos apesar de um intenso compromisso social, entendem que melhorar a vida dos pobres, da população, significa investir na democracia, no liberalismo e no capitalismo.

Esse posicionamento é algo já definido?
Eu vejo que isso é majoritário talvez num percentual acima de 80%. Claro que temos médicos militantes de vários partidos. Nós temos em várias esferas, militantes de partidos mais a esquerda. Mas na movimentação de rede social, de reuniões, participação de grupos de discussão a gente vê que a maioria dos médicos se inclinou nessa posição. Tanto que evidentemente nós como lideranças de instituições temos a obrigação também de dizer a categoria que nós temos a obrigação de negociar com os governos. Nós não somos partido político, nós somos instituições de defesa da categoria e da sociedade, ou seja, apresentar propostas e soluções que melhorem o atendimento a ajude a população. Institucionalmente, nós temos a obrigação de negociar com o governo.

Essa participação política da categoria vai ser mais efetiva nas épocas de eleições?
Perfeitamente, embora hoje os médicos estejam em efervescência ainda, ou seja, passou o processo eleitoral e os médicos continuam na linha de frente dessas passeatas e protestos contra a corrupção em todo país. E aqui no RN é nosso pensamento também nos associarmos a outras categorias para fazermos uma campanha intensa contra a corrupção, porque esse cupim que está devorando o país precisa de um freio, senão esse país do futuro vai virar um país sem futuro.

Em toda legislação, todas as mudanças que venham a acontecer, são definidas por normas que são votadas pelos nossos representantes no Congresso Nacional, seja no Senado ou na Câmara. Como a categoria atua em relação a isso?
Nós temos uma Comissão de Assuntos Parlamentares que é talvez uma das mais importantes, que junto com a Comissão de Condições de Trabalho e a Comissão de Saúde Suplementar, é fundamental. Ela se reune uma vez por mês com o assessor parlamentar que temos no congresso, para ter acesso a todos os projetos que dizem respeito a saúde que deram entrada no congresso. e a partir dali são distribuídas em comissões ou em relatorias. A Comissão de Assuntos Parlamentares faz um balanço e dá um parecer e a partir daí motiva a diretoria a intervir. há quatro focos importantíssimos hoje na Saúde Pública que exigem ações imediatas. Uma é a área de psiquiatria, nós temos uma quantidade de dependentes e usuários de droga estarrecedora e é preciso uma ação efetiva do governo. Nós temos a questão do trauma que é crescente no Brasil, se não houver uma legisla de trânsito, controle de álcool e realmente uma cobrança efetiva da responsabilização dos motoristas, nós não teremos um limite. Temos a área da proteção a infância, há uma carência muito grande de serviços de pediatria no SUS então é urgente também que nós tratemos dessa área com muito cuidado. E temos a área de oncologia, onde é crescente o número casos, e ainda existem filas de dois anos para o paciente ter acesso. É algo lastimável e o governo precisa voltar os olhos para essa situação.

Qual a sua mensagem para a categoria?

É importante dizer a categoria que conte com os sindicatos, conte com a Federação. A luta é grande, é difícil mas nós estamos unidos para conseguir as melhorias possíveis.

 Por: Pinto Júnior

Fonte: Potiguar Notícias

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